Dawn e Igor

A Waterlution tem se desafiado globalmente a plantar sementes e germinar ideias frutíferas em todos os lugares que trabalhamos. No Brasil, os diálogos sobre o que poderia ser o primeiro Water Innovation Lab começaram em 2016 e foram se moldando até o acontecimento do primeiro programa no país, em novembro de 2017 – desde então, somamos cinco edições.

A partir da primeira turma de WILumnis, foi possível criar uma rede forte, que cresce a cada edição e que se retroalimenta conforme as pessoas participantes desta aprimoram suas atuações no setor de água e saneamento. 

O SNIS aponta que a maior parte da população brasileira que recebe abastecimento de água está nas malhas urbanas, e pouco mais da metade das pessoas que recebem água, tem seu esgoto coletado para tratamento. O cenário, segundo o Trata Brasil, é de que 35 milhões de brasileiros ainda não possuem acesso à água e que apenas 46% do esgoto gerado é tratado. Esse é talvez um dos motivos pelos quais a cada ano, a Waterlution consegue engajar jovens de todas as regiões do país em nossos programas multidisciplinares na esperança de modificar esse panorama na prática.

Com essa bagagem até então, começamos a investigar um pouco mais sobre como as pessoas estão posicionadas na nossa rede brasileira, tentando entender onde essas diferentes juventudes estão agora e quais são os seus passos para que sigamos reorientando nossa atuação. 

Com esse background, entendemos que o primeiro passo de transformação na nossa atuação foi na forma de posicionar nossos programas para a ação prática. Atualmente, o WIL Brasil em específico, trabalha com um modelo de ação local/territorial que promove a mobilização local e o desenvolvimento focado. Acreditamos que no momento atual do planeta, no enfrentamento às mudanças climáticas, é fundamental que possamos equipar territórios que já lidam com os efeitos climáticos adversos para que a adaptação climática ocorra de forma efetiva.

Globalmente falando, a Waterlution compreende e vocaliza que água e clima são tópicos de uma mesma discussão, e que no Brasil vamos precisar de ainda mais formas de inovação colaborativa para lidar com os desafios crescentes de água e saneamento. Precisamos traduzir estes números de porcentagem em pessoas, sabendo que são Marias, Jorges, Severinas e Josés, espalhados neste país de proporções continentais.  Essas pessoas estão lidando com secas mais prolongadas, chuvas intensas gerando deslizamentos, solos mais ácidos e lavouras que não rendem. 

Colaborar com Inovação para garantir acesso à água de qualidade, coleta de esgoto, e segurança alimentar é apenas o começo do nosso entendimento ao modelo de segurança hídrica que acreditamos e tentamos fomentar com nossos programas. 

Os programas da Waterlution no Brasil são construídos por uma equipe multidisciplinar que junto a parceiros de longa data, selecionam as juventudes mais intrigantes e ativas no setor como participantes.  Mais de 300 pessoas compõem a rede brasileira, elas são líderes locais, cientistas, gestores, artistas e trabalham nos mais diversos projetos que humanizam as pautas de água e saneamento – combatendo perdas de água, resgatando histórico e histórias dos rios urbanos, transformando resíduos dos sistemas de tratamento de esgoto, desenvolvendo métodos novos de tratamento, dentre tantos outros projetos. Somente no Brasil, passaram mais de 70  projetos nos nossos Water Innovation Labs liderados por quase 200 WILumni e apoiados por mais de 180 mentores ao longo das 5 edições do programa. 

Através de uma recente pesquisa com a rede brasileira da Waterlution, apuramos que 85% dos participantes dos nossos programas seguem atuando com água e saneamento. 51,9% destas pessoas estão envolvidas e atuantes nas áreas técnicas e científicas, enquanto o restante se distribuem entre setores público, privado e terceiro setor.

A pesquisa da rede Waterlution no Brasil nos mostrou também que as áreas específicas em que os participantes de nossos programas atuam são focadas na gestão dos recursos hídricos, qualidade da água, educação ambiental, oceano, inovação, tratamento de efluentes e eco-saneamento. Áreas amplas e com uma abrangência multifocal, que coincide com a nossa atuação através do tempo. O WIL Brasil nos permitiu explorar diferentes formas de fazer o programa, transformando nossas próprias metodologias e formatos. Estes temas dialogam com nossa transformação interna, que iniciou com formação de lideranças, ao desenvolvimento territorial e gerou um programa pioneiro na Waterlution Global de Aceleração e desenvolvimento de negócios no Saneamento, o Acelera.

Estamos lidando com um histórico que precisa seguir em constante análise, uma vez que inúmeros projetos nasceram nos programas realizados no Brasil ou foram trazidos para eles com o objetivo de serem melhorados. Apuramos que um terço dos projetos que foram trabalhados nos nossos programas seguem atuantes e operando, e, 57% das pessoas que desenvolveram essas ideias nos nossos programas sob nossas metodologias afirmam que mudaram sua percepção sobre o setor de água e saneamento.

Uma das missões da Waterlution no Brasil é introduzir e induzir inovação aberta para as pessoas de sua Rede. As pessoas que participaram dos programas destacam a possibilidade de construir projetos colaborativos, construir relações de aprendizado, e desenvolverem maior percepção dos valores adquiridos relacionados com a água.

Este valor é para nós imensurável, e nos faz acreditar que mais precisa ser feito. Enxergar questões de água e saneamento precisa abraçar a multidisciplinaridade e visão holística. Afinal, inovar é também sobre isto. Que possamos seguir mais 10 anos com uma rede em constante crescimento, a equipe da Waterlution Brasil é grata por vocês, nossa rede. Obrigado por nos permitirem construir laboratórios dentro do WIL que gerou outros programas, outras possibilidades, outras atuações e sobretudo, outras conexões.

Seguimos para mais trabalho colaborativo, 

sempre.