Por Coordenador de Mídia e Comunicações SJ Rasheed

Traduzido do portugues

Parcela Água Ajustada

AJUSTA ÁGUA, uma organização inovadora de gestão da água liderada por mulheres está otimizando o mundo da gestão da água e estabelecendo limites para a universalização da água acessível no Brasil. 

Atualmente no Brasil, existem cerca de 35 milhões de pessoas sem acesso a água potável e cerca de 100 milhões sem acesso a um serviço de coleta de esgoto. Essas estatísticas variam muito dependendo se você mora em uma comunidade rural ou urbana. 

Co-fundadores Mariana Nahas e Marina Schuh estão trabalhando para criar uma gestão mais acessível e sustentável da água em seu país.

Essa ideia se baseia em uma metodologia de ponta que identifica padrões e características recorrentes de consumo de água com base nas unidades imobiliárias que utilizam esses serviços. Processos estatísticos relevantes são criados e as inconsistências são então identificadas usando esses dados.

Essa tecnologia intuitiva reduziu em até 35% os custos no cadastro comercial das concessionárias de água e esgoto, além de reduzir em até 90% as pesquisas de campo. 

Sua jornada começou em 2016, Mariana estava fazendo trabalho de campo para promover o engajamento social de famílias vulneráveis ​​e conectá-las aos sistemas formais de água e saneamento. Mais tarde, ela fez mais trabalhos de base dentro de uma área residencial maior. Foi aqui que Mariana percebeu a desigualdade no pagamento dos serviços de água.

Cofundadora Mariana Nahas

“Percebi que nesses 50,000 prédios que em teoria seriam prédios não conectados à rede, na verdade 33% deles estavam conectados, mas não recebiam a fatura completa dos serviços que de fato consumiam”, disse Mariana.

Mariana percebeu as falhas no sistema de cadastro das concessionárias que faziam com que as contas não fossem geradas para as pessoas que estavam se beneficiando dos serviços. Dessas pessoas, a maioria tinha condições sociais e financeiras para pagar por esses serviços, só não recebia as contas para isso. 

Mariana procurou resolver esta questão “reunindo várias fontes de dados, incluindo imagens sobre dados e consumo de água que nos permitissem identificar com uma boa estatística substancial quais edifícios estavam cometendo fraudes e onde havia irregularidades”. 

A coleta desses dados era muito trabalhosa e, considerando a ineficiência do sistema atual, Mariana se dedicou a criar um sistema de registro mais inteligente. Com esse objetivo em mente, Mariana participou WIL Brasil, e foi lá depois de conhecer Marina que seus planos começaram a tomar forma. 

Cofundadora Marina Schuh

“Decidi que tenho de juntar o que faço e o que o meu país precisa. Então foi aí que comecei a dar mais atenção e direcionar minha trajetória profissional para o saneamento”, contou Marina sobre o motivo da decisão de entrar nesse trabalho. 

Marina é formada em biologia e tem muita experiência trabalhando na área de gestão ambiental, especificamente em sistemas hídricos. Ao participar de um hackathon realizado em sua cidade, ela conheceu Waterlution e também participou do Fórum Mundial da Água. 

“Por meio desse (e do) hackathon, percebi que minha afinidade em trabalhar com dados seria uma boa maneira de começar a trabalhar com saneamento.”

Com a habilidade de Marina em dados, novos saltos foram dados no Ajusta Água e com a ajuda do WIL Brasil sua tecnologia foi desenvolvida, e seu negócio nasceu. 

"Isto (WIL Brasil) me trouxe todo esse suporte e também me trouxe relacionamentos e potenciais clientes. Então, trouxe o que eu precisava para transformar uma boa ideia, uma boa metodologia em um negócio, foi vital para mim”, disse Mariana. 

Marina refletiu sobre a natureza única da inovação em WIL Brasil, e como ele promoveu conexões e dinâmicas inesperadas. 

“Eu nunca vi um monte de engenheiros construindo colaborativamente uma escultura de uma criatura imaginária da água, eu estava tipo onde mais eu encontraria isso – só aqui!” 

Nesse ambiente criativo, Marina e Mariana escolheram o nome do seu negócio, aperfeiçoaram sua metodologia, traçaram metas para si mesmas e vislumbraram mudanças que gostariam de ver no mundo da gestão de água e saneamento.

Trabalhar em um espaço fortemente dominado por homens apresentou desafios únicos para os dois empreendedores. Esses espaços podem às vezes não ser bem-vindos para as mulheres e muitas vezes resultam em silenciamentos ou desconfortos pela falta de diversidade. Infelizmente, esses sentimentos ecoam além-fronteiras por mulheres que conduzem negócios em campos homogêneos. 

Marina descreve um resultado particular dessa desigualdade que se manifesta ao tentar criar relações comerciais duradouras. 

“As esferas sociais nas quais estou inserido são muito diferentes daquelas nas quais (parceiros de negócios do sexo masculino) ele está inserido e, portanto, sim, podemos ter um bom relacionamento profissional e ser respeitados tecnicamente, mas nutrir e cultivar esse relacionamento às vezes se mostra difícil e desafiador.” 

Marina, apesar de achar mais fácil cultivar essas relações com parceiros de negócios do sexo masculino, destaca outra questão ao trabalhar nesses espaços. Ela alude a uma cultura de rivalidade feminina que os homens criam em casos de simples críticas construtivas entre colegas do sexo feminino. 


“Isso é algo que já senti mais de uma vez e em muitas vezes nesses ambientes predominantemente masculinos deixei de fazer comentários sobre outras mulheres mesmo em capacidade profissional ou técnica.” 

Esse medo de ser estereotipada pelos colegas masculinos no trabalho pode fazer com que as mulheres sejam silenciadas quando têm críticas genuínas e incapazes de participar desses espaços no mesmo grau. 

Apesar desses obstáculos, Mariana e Marina cultivaram incríveis habilidades de negócios e embarcaram em sua jornada para criar um acesso mais universal à água potável e à gestão do saneamento no Brasil. No futuro, eles esperam que outros que ingressem nesses campos possam empregar essas habilidades que guiaram seu próprio trabalho. 

“Você tem que falar a sua verdade.” Disse Mariana ao refletir sobre os conselhos que deu à sua própria equipe. “Saiba dizer não, quando for dizer não e mesmo que você esteja em uma reunião com alguém ou tendo um encontro com alguém que tem muito mais poder do que você, você ainda precisa manter sua autenticidade.” 

Talvez essas habilidades tenham um significado específico para as mulheres, mas elas esperam que todas possam aprender com sua experiência, independentemente do gênero. Tanto Mariana quanto Marina esperam um futuro em que conversas como essas possam ser aposentadas e o trabalho possa ser o foco. 

“Eu acho que é sobre amor. Acho que temos que manter esse amor, não apenas o amor pela causa, mas entre as pessoas.” diz Marina.

Marina encerra nossa conversa com uma comovente lembrança de uma citação que leu no jornal daquele dia que resume suas esperanças para o futuro. 

Considerações Finais de Marina
Tradução abaixo

“Hoje li uma citação muito boa 'Gostaria de falar menos de homens e mulheres, e falar mais de cidadãos'.”

SJ Rasheed (ela / ela), recentemente se formou em jornalismo pela Carleton University, em Ottawa, e agora mora na costa de BC, onde cresceu. Ela está interessada em trabalhar na interseção da justiça ambiental e indígena e espera fazer esse ativismo escrevendo e participando de oportunidades de envolvimento da comunidade.