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Morro do Preventório -
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Foz do Rio Doce -
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Tekoa Guyra Pepo
O Morro do Preventório tem uma visão panorâmica da Bahia de Guanabara, está localizado na zona sul de Niterói, localizada em uma enseada chamada de “Enseada da Jurujuba”. O morro apresenta uma vegetação de mata atlântica. A comunidade surgiu como moradia para trabalhadores do “Preventório” – Casarão histórico que abrigava pessoas para recuperar a saúde em vários momentos no passado, tendo uma ocupação intensificada na década de 80. Atualmente, a comunidade possui uma associação de moradores parcialmente atuante e não possui representantes locais no poder legislativo. Uma das organizações da comunidade é o Banco Preventório, que atua como agente das articulações e movimentos sociais. Lá, ONGss e institutos como a Sete, Instituto Grael, Instituto Ecosocial e IPESA atuam com a pauta socioambiental. A água é distribuída na comunidade pela companhia do município, os desafios desta distribuição estão ligados à precariedade dos canos, falta de cobertura na parte mais alta da comunidade além do desperdício. Com o tempo, a comunidade passou a perceber que a mudança do regime e intensidade das chuvas vinha afetando a comunidade, principalmente em questões de drenagem, intensificando episódios de deslizamento de terras. Boa parte dos moradores compram bombas de água e a sua grande maioria possui caixas d’água, bombonas ou cisternas para armazenamento. Há um grupo numa rede de troca de mensagens instantâneas para tratar sobre a falta de água e manter o relacionamento com concessionária municipal. Soluções alternativas de captação e armazenamento da água, melhoria no sistema de distribuição para redução do desperdício, campanhas de sensibilização e alternativas para tratamento do esgoto com aproveitamento do biogás além de apoio no desenvolvimento e validação de outras tecnologias, dando visibilidade às inovações sociais são linhas de soluções que podem ajudar melhorar a relação da comunidade com as águas.
Fotos: Luciana Lopes – IPESA
O Território Salvador engloba limites geográficos do município de Salvador, capital da Bahia e a bacia do rio Paraguaçu. Salvador foi a primeira capital do Brasil, e atualmente, conta com uma população de mais de 2,8 milhões de habitantes. A bacia do rio Paraguaçu é responsável por 60% da água captada para o abastecimento humano na região metropolitana de salvador (RMS), e engloba em seu território, a região da Chapada Diamantina. Inserida em uma região de mata atlântica, Salvador apresenta tipologia climática tropical chuvosa de floresta sem estação seca. No contexto regional do estado da Bahia, as simulações realizadas por pesquisadores como Genz, Tanajura e Araújo (2011) indicaram a vulnerabilidade climática do rio Paraguaçu, que é o principal manancial de abastecimento da RMS fundamental para a captação de água para abastecimento da cidade. Os resultados das simulações, considerando o cenário A2 do IPCC (Intergovernmental Panel for Climate Change), mostrando a possibilidade de redução de até 73% da disponibilidade hídrica do rio para o período de 2070 a 2100. A seca vivenciada na Bahia e no Nordeste, intensificada desde 2012, fez com que no início do ano de 2017, os municípios atingidos pela estiagem representassem 22 territórios de identidade, que corresponde a 54% da área da Bahia, segundo dados do SEI. Soluções alternativas para a gestão integrada das águas urbanas, demanda de água, fontes alternativas de abastecimento de água, águas pluviais, gestão regional da água: impactos e riscos no abastecimento de água são os direcionamentos principais para este território.
Fotos: Gamboa e Dique do Tororó por Marcelo Gandra para a SECIS
Abrangendo a capital de Alagoas e 12 municípios adjacentes, formando a região metropolitana de Maceió (RMM) temos o Território Maceió. Conhecida como Paraíso das Águas, o município conta com cerca de 1 milhão de habitantes e abriga o bioma Mata Atlântica, com um clima tropical chuvoso. Segundo a Companhia de Saneamento do Estado de Alagoas, aproximadamente 68% da cidade é abastecida por mananciais subterrâneos. Preocupantemente, a chamada parte alta da cidade conta com indícios de contaminação destas fontes hídricas, que se deve ao uso de sistemas fonte/sumidouro, normalmente indicados para áreas com baixa densidade populacional, a exemplo de comunidades na zona rural. Atualmente, a recente expansão da rede de esgotamento sanitário na “parte alta” de Maceió reforça a demanda pela exploração deste tema. Estudos como o Plano Estadual de Recursos Hídricos e o Plano Municipal de Saneamento Básico revelam um déficit atual para abastecimento. Assim, justifica-se, por exemplo, a implementação de soluções para reúso de água, onde Costa e Callado (2016) revelam um potencial de 60% para a RMM. Além disso, dado esse cenário, a proteção aos mananciais superficiais torna-se essencial para suprir a boa qualidade de água para abastecimento público.
Maceió – Mirante de São Gonçalo – Foto Ailton Cruz
Maceió AL – Foto Zig Koch – Banco de Imagens ANA
A Foz do Rio Doce é uma região tradicionalmente ocupada por comunidades tradicionais, impactadas pelo rompimento da barragem de Fundão da mineradora Samarco (Vale, BHP Billiton) em novembro de 2015, em Mariana – MG, que lançou rejeitos de mineração no Rio Doce. Pesquisas produzidas pelas universidades apontam para o agravamento da contaminação na região ao longo dos anos, conforme os 60% dos rejeitos, que ainda se encontram depositados na calha e na hidrelétrica de Candonga, são canalizados pelas temporadas de chuva sendo depositados permanentemente na foz do Rio Doce.
Na foz vivem cinco comunidades. Na margem sul encontramos Regência Augusta, uma vila de pescadores, com vocações turísticas, onde vivem aproximadamente 2000 pessoas e faz limite com a Reserva Biológica de Comboios, criada para proteger, sobretudo, a principal área de desova da tartaruga gigante no Brasil. Nas imediações de Regência está localizada a comunidade de Areal, recentemente reconhecida como indígena, onde setenta famílias estão vinculadas ao território através de práticas ancestrais de pesca e cultivo de cacau em regime agroflorestal de Cabruca. E Entre Rios é uma pequena comunidade ribeirinha que vive da agricultura.
Ao norte, do outro lado do rio, estão localizadas as comunidades de Povoação e Degredo, que se organizam economicamente através da pesca e da agricultura. Degredo é reconhecida como comunidade remanescente de quilombo.
Nenhuma destas comunidades possui sistema de tratamento de esgoto. O sistema de abastecimento de Povoação e Regência continuam captando água no lençol freático a poucos metros do Rio Doce e enfrentam o problema de salinização da água. Os moradores de Degredo e Entre Rios extraem água através de poços para os afazeres domésticos e a irrigação dos plantios. Toda água captada possui forte coloração vermelha, que se manifesta provavelmente pela alta concentração de ferro.
Foto Foz: Messias – Mar de Lama
Foto Médio rio: Expedições Rio Doce Vivo
O território Tekoa Guyra Pepo, é um território Guarani no interior de São Paulo, no município de Tapiraí. A comunidade que conta com aproximadamente 250 pessoas tem sido resistência e enfrenta desafios intensificados com a pandemia do COVID-19. O território tem conseguido articular ferramentas através dos anos para assegurar a manutenção da comunidade e a educação. Há uma necessidade de desenvolver mais ações na escola local e, em paralelo, o saneamento e a saúde básica têm sido pontos de muita atenção que levaram, inclusive, à aprovação de emendas parlamentares para o território que precisam ser acompanhadas e desenvolvidas com a participação direta dos moradores do território. Algumas atividades de abastecimento, reflorestamento tem acontecido de forma esporádica e tem se pensado estratégias em articular recursos para novas atividades socioambientais para toda a comunidade.
Ferramentas de participação social e articulação comunitária têm acontecido e precisam ser intensificadas para uma atuação concreta no território através de projetos que melhorem o acesso e qualidade da água bem como o saneamento e a educação ambiental. É necessário pensar, portanto, em projetos que pensem na instalação de banheiros, estruturas para acesso e distribuição bem como saneamento rural e ecológico.
Fotos:@guyrapepo